.:: Colóquio Internacional “Música & Museu” |
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28 de Fevereiro - 1 de Março de 2019 |
COLÓQUIO INTERNACIONAL MÚSICA & MUSEU
Muitos museus são assustadoramente silenciosos. Os sons e a música parecem ser fenómenos indesejados no universo que estas instituições criam para a preservação e a fruição do património cultural, a despeito da posição central que a música e as paisagens sonoras ocupam na construção da memória e vida coletiva. Em museus etnográficos, museus históricos, museus de técnica construtiva e até de arte, os instrumentos musicais têm uma constante e muda presença. Mesmo os museus de música, os museus de instrumentos musicais e as casas museus de músicos e de compositores detêm-se na discussão não resolvida sobre o que deve prevalecer como missão de uma instituição do género: preservar a materialidade dos elementos que produzem ou registam sons ou garantir a sobrevivência da performance musical, da paisagem sonora, das técnicas de construção e de uso dos instrumentos musicais, ou de outros elementos intangíveis associados às experiências sonoras? Outras questões permanecem em aberto e insistem em retornar quando há a necessidade de se definir as possíveis formas de relações entre o campo da museologia e o da música. O que deve ser considerado e como deve ser tratado o património musical? Quais são os papéis reservados à música e aos sons nos museus? Que função social devem cumprir os museus de música e as ações de patrimonialização especificamente orientadas para o universo sonoro?
Questões como estas são excessivamente genéricas e, certamente, não admitem respostas unívocas ou definitivas. Mas, a sua recorrência parece denotar a ausência de debates em avaliação das soluções práticas encontradas no momento de se definirem caminhos para a realização da pesquisa, da salvaguarda e da extroversão do património musical. Ela aponta, ainda, para a pequena sistematização ou ressonância dos conhecimentos produzidos por estas soluções na museologia, na musicologia, na etnomusicologia, na história e noutros campos disciplinares que se dedicam a pensar o património musical. Além das contribuições dos sistemas classificatórios da organologia para a documentação de instrumentos musicais em acervos museológicos, ou de eventuais parcerias na curadoria de exposições, parecem pouco exploradas as possibilidades de diálogo, de intercâmbio conceptual e de interligações teóricas entre estas áreas de investigação.
Diante deste quadro, o objetivo deste Colóquio Internacional é abrir espaço para o debate sobre as práticas e desafios enfrentados na salvaguarda, pesquisa e extroversão do património musical e sonoro, nos espaços museológicos ibero-americanos. Pretende-se colocar em discussão as formas como os museus elaboram a sua missão ou função social no que se refere à música e ao universo sonoro; como as instituições planeiam e dão suporte à pesquisa da música do passado ou de outras sociedades, frente às distintas necessidades de museólogos, musicólogos, historiadores e outros investigadores; que parâmetros conceptuais são utilizados para a formação, desenvolvimento e documentação de coleções; como é pensado o papel educativo dos museus de música; e como são concebidos os modos de comunicação dos acervos musicais, nestas casas do património. Assim, mais que mapear práticas museológicas e o pensamento sobre a música como património cultural, espera-se vencer o silêncio dos museus por meio do diálogo multidisciplinar.
Texto da autoria do Prof. Doutor René Lommez Gomes (Núcleo de Pesquisa em História das Coleções e dos Museus - RARIORUM - Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil)
O colóquio destina-se a todo o público interessado na temática apresentada. A participação será efetivada por meio de inscrição prévia a realizar mediante o preenchimento de um formulário.
Finalizado o colóquio, será encaminhado um certificado de participação, via email, a todos os assistentes.
Prazo para inscrição: 26 de fevereiro Número de vagas: 60
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PROGRAMA
28 DE FEVEREIRO
Receção aos participantes e convidados
Abertura
1.ª SESSÃO – Conferências: Património Musical Ibero-americano
El patrimonio musical en las instituciones españolas
O Museu da Música de Mariana e o patrimônio musical luso-brasileiro
Do papel ao som: disponibilização de fontes musicais históricas e o seu contributo para a divulgação e fruição do património musical
INTERVALO
2.ª SESSÃO – Conferências: História, Música, Sons e Exposições
“Altissonancia Restaurada”: um projeto de musealização do som
“Há Música na Vista Alegre”. Construção participada de uma exposição temporária no Museu da Vista Alegre: Relações entre Museu, Investigação e Comunidade
Os sons e os silêncios nas Minas do Ouro
INTERVALO
3.ª SESSÃO – Mesa Redonda: “O marfim nas paisagens sonoras do Atlântico africano: perspetivas de investigação”
Dr. José da Silva Horta (Centro de História, Universidade de Lisboa)
Abertura da Exposição MARFIM e MÚSICA
Receção dos participantes e convidados
4.ª SESSÃO – Conferências: Organologia e restauro de instrumentos musicais nos museus
Instrumentos Musicais e Paisagens Sonoras na Coleção de Leques da Casa Museu dos Patudos
O Projeto “Sanfona”: terminologia dos instrumentos musicais
Considerações sobre o restauro da Tiorba “Buchenberg” (1608)
INTERVALO 12:20 h – 14:00 h
5.ª SESSÃO – Conferências: Colecções e Museus de Música
Notas sobre o património musical do Museu Nacional de Etnologia
Museu da Música Mecânica - Práticas multissensoriais em museu de colecionador
Com expor a música?
INTERVALO
6.ª SESSÃO – Processos museológicos e a salvaguarda do Património Musical
Um Sujeito Museológico chamado Fado: Salvaguarda, Fruição, Desafios
Instrumentos Musicais Chineses na Coleção do Museu do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa
A Museologia e o Património Musical Brasileiro: diálogos possíveis
Encerramento
Dr. José Alberto Ribeiro
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