.:: “Um Músico, Um Mecenas” 2019 | 4.º Concerto | |||
Sábado, 14 de Setembro de 2019 // 18:00 h |
As cravistas Élisabeth Joyé e Cândida Matos são, juntamente com os dois cravos Antunes da coleção do Museu, as protagonistas do quarto concerto da temporada 2019 do ciclo "Um Músico, Um Mecenas", dedicado à família Bach (Obras de Johann Sebastian, Wilhelm Friedemann, Carl Philipp Emanuel e Johann Christian Bach). A entrada é livre.
O cravo de 1758, de Joaquim José Antunes, é Tesouro Nacional e uma das peças mais conhecidas da colecção do Museu Nacional da Música. Já o de 1789, de João Batista Antunes, era praticamente desconhecido, tendo sido restaurado em 2018.
Segundo Ana Paula Tudela, investigadora e autora do livro "Os Antunes - Mestres Portugueses de Fazer Cravos, Pianofortes e Pianos (Séculos XVIII e XIX)" (à venda na loja do museu - edição DGPC - Museu Nacional da Música / Imprensa Nacional - Casa da Moeda), “(…) o instrumento construído em 1789 por João Batista Antunes (1737-1822) e agora restaurado por Geert Karman, já não se ouvia há seguramente 74 anos ou talvez mais, uma vez que foi adquirido para a colecção antiga do museu em 1944 e desde então não voltou ser tocado. Será apresentado ao público lado a lado com o cravo construído em 1758 por Joaquim José Antunes (1733-1801), classificado como tesouro nacional, também ele uma das jóias da Colecção de Lisboa. Ao estudar os percursos e caligrafias dos diversos mestres desta família consegui demonstrar que estes dois instrumentos foram construídos por dois irmãos, filhos de Manuel Antunes (1703-1766), fundador da emblemática oficina portuguesa “Antunes”, cuja excelência é internacionalmente reconhecida."
No contexto da organologia portuguesa, a família Antunes é muito importante, sendo conhecida como exímios construtores de cravos e pianofortes que trabalharam em Lisboa durante o século XVIII.
Os dois exemplares, que poderá ouvir no dia 14 de Setembro, têm um valor inestimável: são dos poucos cravos originais portugueses que sobreviveram em todo o mundo. Desta família conhece-se ainda um pianoforte que faz parte da coleção do National Music Museum (NMM) nos Estados Unidos da América e um cravo de um colecionador privado no mesmo país, até há pouco tempo pertencente à Finchcocks Collection, em Inglaterra.
ÉLISABETH JOYÉ estudou cravo no Conservatório de Aix-en-Provence com André Raynaud e Huguette Dreyfus em França. Após esse período, continuou os seus estudos na Holanda com Gustav Leonhardt no Conservatório Sweelinck em Amesterdão, com Bob van Asperen no Conservatório de Haia, e depois com Jos van Immerseel na Bélgica, no Conservatório de Antuérpia, onde obteve um primeiro prémio "com distinção".
Élisabeth Joyé participou em inúmeros concertos e gravações com ensembles, tais como Les Musiciens du Louvre de Marc Minkowski, Le Concert Français de Pierre Hantaï, La Simphonie du Marais de Hugo Reyne, Le Concert Spirituel de Hervé Niquet ou ainda A Pequena Banda de Sigiswald Kuijken.
Joyé tocou também em prestigiados festivais internacionais como La Grange de Meslay, Sable-sur-Sarthe, Académies musicales de Saintes, Printemps des Arts em Nantes, Saint-Michel em Thiérache e tocou em diferentes países por todo o mundo, como Bélgica , Brasil, Canadá, Espanha, Estónia, Itália e México.
Élisabeth Joyé é também professora e leciona a disciplina de Instrumentos Antigos no Conservatório do 7e arrondissement em Paris (Conservatoire Érik Satie). Faz também cursos de interpretação e masterclasses. Ensinou no Conservatório Nacional de Música (CNSM) de 2000 a 2001.
Gravou vários álbuns solo e um programa de François Couperin com François Fernandez, Alfredo Bernardini e Emmanuel Balssa.
Vai ser Professora de Cravo na Escola Superior de Música de Lisboa a partir de Setembro
CÂNDIDA MATOS iniciou os estudos musicais com o piano, tendo estudado com Mário de Sousa Santos, Joel Canhão, Campos Coelho, Tereza Vieira e Olga Pratts. Posteriormente dedicou-se ao cravo, no Conservatório Nacional, com Cremilde Rosado Fernandes. Seguidamente estudou com Ton Koopman no Sweelinck Conservatorium Amsterdam, Holanda, e com Ketil Haugsand na Academia de Música Antiga de Lisboa. Realizou classes de aperfeiçoamento com os cravistas Robert Wooley, Jacques Ogg, Hans Knut e Kenneth Weiss.
Fundou, juntamente com o flautista Olavo Tengner Barros, o grupo Contraverso e integra o Ensemble D. João V, com a soprano Sandra Medeiros e a violinista Tera Shimizu. Foi cravista assistente dos Cursos Internacionais da Academia de Música Antiga de Lisboa. Colaborou com a Orquestra do Norte, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orchestra Utópica, Segréis de Lisboa, Orquestra de Câmara de Aveiro, Orquestra Sinfonia B de Lisboa, Portugalante Ensemble e com os Solistas e Orquestra Gulbenkian.
Participou, entre outros, nos Festivais de Música da Costa do Estoril, Festival Ibérico de Badajoz, Festival de Órgão de Mafra, Festival de Música da Póvoa do Varzim, Temporada de Música Antiga de Oeiras, Festival de Música Antiga de Ponta Delgada – Açores, Encontros de Música Antiga de Loulé, Concertos Comentados do Foyer no Teatro Nacional de S. Carlos, Festival Cistermúsica de Alcobaça, Concertos no Museu Calouste Gulbenkian e Temporada de Música da Fundação Calouste Gulbenkian 2018 e 2019.
Realizou um trabalho pioneiro no ensino do cravo no nosso país, tendo criado as Classes de Cravo nos Conservatórios de Música de Aveiro e de Coimbra. Desde 2000 é Professora de Cravo na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa.
Realizou o Mestrado em Cravo na Escola Superior de Música de Lisboa, projeto artístico sobre as Peças de Carácter de Carl Philipp Emanuel Bach.
“Um Músico, Um Mecenas” é um ciclo de concertos com instrumentos históricos organizado pelo Museu Nacional da Música e que vai já na sua sétima temporada.
Este ciclo procura divulgar um dos mais importantes acervos instrumentais da Europa, com a ajuda de músicos de exceção que atuam pro bono e dão voz a tesouros nacionais e peças de valor histórico único.
Os concertos, de entrada livre, são autênticas viagens à coleção do Museu Nacional da Música, conduzidas por grandes intérpretes nacionais e internacionais, dando a conhecer os instrumentos através de concertos comentados e de uma contextualização histórica estendida, muitas vezes, ao repertório escolhido.
A interpretação, a necessária manutenção dos instrumentos musicais e a comunicação da história de cada um deles são fatores intimamente ligados e que resultam numa ação concertada entre o Museu e os mecenas do ciclo (músicos, construtores/restauradores e outros parceiros).
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