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Sábado, 16 de Novembro de 2019 // 16:30 h |
CORO CRAMOL Texto adaptado do original de Alexandre Gonçalves (Correio da Linha)
Ligado à Biblioteca Operária Oeirense, mas funcionando de forma autónoma, o coro Cramol, Canto Tradicional de Mulheres, segundo Margarida Antunes, um dos elementos do coro e também uma das fundadoras, surgiu na sequência da criação de um atelier, por Domingos Morais, que dirigia um coro na Biblioteca, com o objetivo de aprofundar o conhecimento do Canto Tradicional Português, que é muito rico e diversificado.
Sendo considerado Portugal como o país da Europa mais rico em polifonias de mulheres, não é de estranhar que Margarida Antunes refira que estão constantemente a procurar novas sonoridades neste universo de tradições, que de acordo com a região, seja Trás-os-Montes, as beiras, o Alentejo ou o Algarve, permite novas abordagens, mas também obriga a um trabalho de colocação da voz, para reproduzir cada uma dessas sonoridades.
O nome Cramol, foi escolhido por se ajustar ao canto do coro, já que esta palavra derivada dos clamores, que eram os cânticos de preces das procissões, evoluiu para a designação do canto polifónico a três vozes.
O Cramol celebrou os seus 40 anos de existência em Setembro deste ano, uma idade que atesta a vontade das mulheres que o constituem, de manter vivas as nossas tradições, mas também a qualidade do seu trabalho, que ao longo dos anos foi conquistando o prestígio que leva a que sejam convidadas não só para atuar nos mais diversos locais em Portugal, mas noutros países como a Alemanha ou a Holanda, e também para colaborarem com outros artistas em espetáculos e na gravação dos seus trabalhos.
A Direção Artística do coro está a cargo de Eduardo Paes Mamede, desde 2003, mas foi dirigido inicialmente por Rui Vaz e depois por Luís Pedro Faro.
O repertório é escolhido, principalmente, através dos cancioneiros existentes, como por exemplo o de Arouca, de Lafões ou de Resende, recorrendo também ao arquivo do músico e etnomusicólogo Vergílio Pereira, fazem alguma pesquisa própria e inicialmente recorreram muito às importantes recolhas etno-musicais de Michel Giacometti.
O reportório faz um percurso que abrange toda a vivência das populações rurais, desde as canções de embalar, as canções ligadas ao trabalho como as ceifas e o linho, as canções religiosas ou as canções de amor e sensualidade.
Dos elementos do Cramol fazem parte senhoras que estão no coro desde o seu início, mas ao longo dos anos foram entrando e saindo elementos, alguns ficaram e proporcionam a continuidade e renovação do coro.
Em termos futuros, Margarida Antunes diz que se pretende continuar este projeto, que é o Cramol, sempre empenhado em aprofundar o seu trabalho, já gravaram dois discos, que foi um trabalho feito com alguma prudência, para não haver “deslumbramentos”, hoje com o muito material que possuem pensam vir a gravar outro, mas acrescenta Margarida Antunes que o Cramol não se fica apenas por um tipo de canto, lembrando que tem participado em espetáculos de música contemporânea, como a abertura ao público da Central Tejo, ou o Centenário da República e continuará a aceitar esses desafios.
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