Pequena mostra evocativa de uma instituição com mais de 400 anos de história, por muitos desconhecida, e cujo arquivo é uma valiosíssima fonte para o estudo do meio musical português.

A Irmandade de Santa Cecília de Lisboa foi, desde a sua fundação em 1603 até ao advento do Liberalismo (com a Fundação do Montepio Filarmónico em 1834), a associação de classe profissional de todos os músicos da capital, competindo-lhe um papel regulador da actividade musical no distrito de Lisboa.

A longa história desta irmandade, sempre activa desde a sua fundação, não se fez sem a perda de algum património, principalmente o anterior ao Grande Terramoto de 1755. Contudo, grande parte do seu arquivo chegou aos nossos dias, sendo este importantíssimo para o estudo da actividade profissional dos músicos da capital, nos séculos XVIII e XIX.

É este o testemunho que se procura apresentar ao longo dos doze pequenos núcleos da mostra, correspondendo a outros tantos possíveis olhares sobre o valor simbólico desta instituição. Resultando de uma estreita colaboração com a Irmandade, a mostra integra alguns dos seus mais preciosos tesouros, quase todos acessíveis pela primeira vez fora das suas instalações, sendo de destacar o relicário em forma de custódia e respectivo certificado papal, datado de 1743; as imagens de Santa Cecília (a da casa do despacho e a do altar público); o compromisso manuscrito de 1766; as cartas patentes de músicos portugueses que fazem parte do nosso imaginário cultural, entre outros.

Tendo concentrado nas suas fileiras, ao longo do século XIX, muitos músicos de bandas filarmónicas e militares, a Irmandade tornou-se num importante veículo de divulgação musical durante a República, quer da música popular, quer da música clássica. Precisamente por isso, a mostra agora inaugurada integra o conjunto de eventos com que o Museu antecipa a celebração do Centenário da Implantação da República e que culminarão com a inauguração, a 1 de Outubro de 2010 (Dia Mundial da Música), da exposição «A 1.ª República: Expectativas e Realidade na Criação de Um Museu Instrumental em Lisboa».