O Museu da Música abre excepcionalmente no próximo Domingo, 23 de Janeiro, para acolher um recital do reputado cravista francês radicado em Espanha, Bruno Forst, para o qual contará com acompanhamento de Mercedes Rubio Condado nas castanholas.

O recital será integralmente dedicado à recriação histórica da obra de duas figuras máximas da música de tecla ibérica do século XVIII de Portugal e Espanha, Carlos Seixas (1704-1742) e Antonio Soler (1729-1783), pelo que será conduzido com recurso a instrumentos da colecção do Museu, nomeadamente o cravo da autoria de Joaquim José Antunes (1758). Trata-se, portanto, de uma excelente oportunidade de ouvir um instrumento impar, autêntico ex-libris da rica colecção de instrumentos do Museu da Música.

O cravo de Joaquim José Antunes é uma peça valiosíssima, única no conjunto patrimonial do País, não só pela sua antiguidade e raridade, mas ainda por ser testemunho único da extremada técnica de construção portuguesa de setecentos, onde se reconhece uma forte e bem estabelecida tradição de artesanato musical com orientações próprias.

.:: Programa:
A obra para tecla de Antonio Soler é muitas vezes inspirada na música popular do seu tempo. As janelas do Escorial não estavam fechadas para o mundo, e o músico eminente que foi Soler não podia ser insensível aos ecos musicais que desde o exterior lhe chegavam.

O programa a apresentar ergue-se sobre estas premissas, resultando das pesquisas realizadas sobre as suas sonatas para tecla, procurando as suas raízes, e comparando-as com os ritmos mais característicos do folclore espanhol do século XVIII.

Às obras escolhidas, adicionou depois Mercedes Rubio Condado as partes de castanholas, combinando ritmos populares e sensibilidade barroca, para chegar a um ponto de equilibrio musical.

Parte deste programa foi já executado em vários festivais em Espanha e França, mas será pela primeira vez tocado na totalidade no Museu da Música.