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.:: Um Músico, Um Mecenas | Dia de Santa Cecília Versão para impressão
Quarta-Feira, 22 de Novembro de 2017 // 19:00 h
17-11-2017

Duarte Pereira Martins, Daniel Bolito e Nuno M. Cardoso Duarte Pereira Martins (piano Bechstein de 1925), Daniel Bolito (violino Galrão de 1780) e Nuno Cardoso (violoncelo Dinis, 1797) interpretam Haydn, Beethoven e Schubert no concerto do ciclo "Um Músico, Um Mecenas" que celebra o Dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos e da música sacra. A entrada é livre.

 

SOBRE OS INSTRUMENTOS HISTÓRICOS DO MUSEU

 

Embora exista ainda pouco conhecimento sobre as oficinas de cordofones portuguesas do séc. XVIII e XIX, podemos afirmar que a sua grande maioria não era especializada, e que os guitarreiros ou violeiros (assim chamados dependendo do ramo a que se dedicavam mais), faziam instrumentos de corda de vários tipos, inclusive de corda friccionada. A construção de violinos em Portugal desenvolveu-se, sobretudo, por imitação de modelos vindos de fora e, simultaneamente, através de técnicas próprias e adaptações locais, como é o caso paradigmático da rabeca.

 

Na coleção do Museu Nacional da Música estão, contudo, representadas três oficinas que ficaram conhecidas pela construção de violinos e violoncelos de grande qualidade: a de Joaquim José Galrão em Lisboa (séc. XVIII), a dos Sanhudos no Porto (séc. XIX) e a dos Capelas em Espinho (já do séc. XX/XXI, ainda em atividade).

 

Os violinos e violoncelos de Joaquim José Galrão (considerado o mais reputado construtor português de violinos e violoncelos da sua época) foram várias vezes tocados no ciclo “Um Músico, Um Mecenas”, tendo alguns dos exemplares pertencido ao rei D. Luís I (1838-1889), como é o caso do violino de 1780 (n.º inv. MM 75; etiqueta “Joachinus Josephus Galram/Fecit Olisipone A. 17[])”, que irá SER TOCADO pelas mãos de Daniel Bolito.

 

O violoncelo de Félix António Dinis (n.º inv. MM 43, datado de 1797), proveniente da colecção de Alfredo Keil, que irá ser tocado por Nuno Cardoso, tem no seu interior uma etiqueta impressa onde se pode ler “Felis Antonio Dinis a fes em casa/da Viuva de Galram Anno de 1797/”. É assim provável que Dinis tenha sido discípulo de Galram (ou Galrão),e que pela casa do mestre tenha permanecido antes de se mudar para uma oficina por conta própria, ativa na primeira metade do séc. XIX em Lisboa.

 

O piano de cauda Bechstein (inv. n.º MM 659) é de 1925 e foi fabricado na Alemanha.

 


SOBRE OS MÚSICOS-MECENAS

 

DUARTE PEREIRA MARTINS - Licenciado em piano pela Escola Superior de Música de Lisboa, concluiu o curso de piano do Conservatório Nacional com a classificação máxima. Fundou e é o vice-presidente do MPMP, dirigindo a sua temporada de eventos. É igualmente o diretor artístico das duas inéditas gravações integrais das sonatas de Carlos Seixas (por José Carlos Araújo) e João Domingos Bomtempo (por Philippe Marques) e o diretor executivo da Glosas – revista de música.

 

Premiado em diversos concursos de piano, apresenta-se regularmente em concerto por todo o país e estrangeiro, em diversas formações, com especial destaque para a divulgação do património musical português e o repertório para canto e piano. Gravou em diversas ocasiões para a Antena 2, para a TV Brasil, no âmbito de uma digressão pelo país feita em 2014, e para a etiqueta do MPMP. Frequentou, paralelamente, o curso de Engenharia Física Tecnológica no Instituto Superior Técnico e, atualmente, o Mestrado em Empreendedorismo e Estudos da Cultura, no ISCTE, em Lisboa.

 

DANIEL OLIVEIRA BOLITO - Iniciou os estudos musicais aos oito anos na Escola de Música Nossa Senhora do Cabo (EMNSC), onde estudou com Paula Fernandes. No ano letivo de 2000/2001 ingressou na Academia de Música de Santa Cecília (AMSC), onde estudou com Lígia Soares, tendo concluído o 8.º grau. No ano letivo de 2004/2005 ingressou na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), onde estudou com Khatchatour Amirkhanian. Paralelamente, continUou a frequentar a Academia de Música de Santa Cecília (AMSC) na classe da Prof.ª Lígia Soares, em regime livre. No ano letivo de 2007/2008 ingressou na Universidade de Évora (UE) na classe do Prof. Valentim Stefanov, na qual finalizou um ano de pós-graduação com a classificação de 20 valores. Desde cedo iniciou a sua presença em orquestras, tendo sido várias vezes concertino em orquestras como a Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra da Universidade de Évora e a Orquestra de Câmara Portuguesa da qual é membro regular. Com esta apresentou-se em vários festivais tais como “City of London Festival” em Londres, no também já conceituado festival “Dias da Música” no CCB, no festival de Alcobaça “Cistermúsica”, entre outros.

 

Colabora regularmente com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e Orquestra de Câmara de Almada. Faz parte do Ensemble MPMP, projecto de promoção de música erudita portuguesa, enquanto solista, concertino e músico de câmara. Já foi dirigido por maestros de renome, tais como Pedro Carneiro, Joana Carneiro, Rui Massena, Francesco La Vecchia, Heinrich Schiff, Ernst Schelle, Alberto Roque, Jan Wierzba, Luís Carvalho, Álvaro Cassuto, entre outros.

 

Apresentou-se a solo e em recital em salas como a Aula Magna, Grande Auditório do CCB, Salão Nobre do Teatro Nacional de S. Carlos, Teatro Camões, Europarque, Grande Auditório da Reitoria da Universidade de Aveiro, Teatro Aberto, Teatro-Cine Torres Vedras, entre muitos outros. De realçar entre elas a apresentação com a Orquestra Filarmonia das Beiras sob a batuta do maestro Ernst Schelle com o concerto para violino de Tchaikovsky e também pela Orquestra Sinfónica Juvenil, tocando a obra “As Quatro Estações” de Vivaldi. Já em 2013 apresentou-se como solista com a Orquestra de Câmara Portuguesa e com a West Europe Orchestra.

Foi premiado em diversos concursos, entre eles o Concurso Internacional José Augusto Alegria. Frequentou Masterclasses com Gerardo Ribeiro, Gareguine Aroutiounian, Pavel Arefiev, Daniel Rowland, Ulf Hoelscher, Felix Andrievsky e Valentim Stefanov. Frequentou também cursos de direcção com os Profs. Roberto Perez e Vasco Negreiros. Foi convidado a gravar a Banda Sonora de um DVD sobre a artista plástica Ana Vieira, num projeto com Pedro Carneiro, para Violino e Marimba.

 

Atualmente leciona no Conservatório de Cascais. No ano lectivo de 2009/2010, lecionou a disciplina de Violino no Conservatório Regional de Setúbal. Lecionou também durante 2011 as disciplinas de Violino e Orquestra no Conservatório de Música de Mação. Em 2013/2014 lecionou no Conservatório de Música de Alcobaça. Em Dezembro de 2012 integrou a Orquestra Fundação Estúdio em Guimarães, no âmbito da “Guimarães – Capital Europeia da Cultura”.

 

NUNO M. CARDOSO - Nasceu em Lisboa em 1990. Iniciou os estudos de Música aos quatro anos de idade na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, ingressando aos oito na classe de Violoncelo de Luís Estevão da Silva, curso que viria a completar em 2009, na mesma instituição, sob a orientação de Luís Sá Pessoa, obtendo a máxima classificação e recebendo o Prémio Adriana de Vecchi.

 

Posteriormente, licenciou-se pela Academia Nacional Superior de Orquestra (Metropolitana) na especialidade de Violoncelo, onde estudou sob a orientação de Paulo Gaio Lima entre 2010 e 2014. Frequentou, paralelamente, a Licenciatura em Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

 

Estuda presentemente na Musikhögskolan i Malmö (Universidade de Lund), na Suécia, tendo sido admitido na classe de Violoncelo de Mats Rondin, onde tem trabalhado ultimamente sob a orientação de Torleif Thedéen.

Nos últimos anos tem-se apresentado regularmente em contexto de orquestra sob a direção de maestros como Leonardo de Barros, Jean-Marc Burfin, Pedro Neves, Sebastien Tewinkle, Michael Zilm, Per Borin ou Peter Spissky, tendo também frequentado, em Portugal e no estrangeiro, masterclasses com reconhecidos mestres, como Márcio Carneiro, Xavier Gagnepain ou Hans Jørgen Jensen. No âmbito da Música de Câmara, estudou com Vasco Gouveia, Alexei Eremine, Paul Wakabayashi, Paulo Pacheco e Hans Pålsson.

 

É co-fundador do MPMP – Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa, com quem tem colaborado empenhadamente em atividades e concertos pela difusão de obras do repertório musical português e de cultura lusófona. Neste âmbito, salientam-se a primeira audição em Portugal da obra integral para violoncelo e piano de Henrique Oswald e os recitais nos ciclos “Um Músico, um Mecenas”, no Museu Nacional da Música, em Lisboa, nos violoncelos históricos de H. Lockey Hill (ca. 1800, Coleção Suggia) e J. J. Galrão (1769, Coleção Real), atualmente conservados naquela coleção instrumental.

 

É membro da Comissão de Redação da revista Glosas, a única publicação em Portugal exclusivamente dedicada à Música erudita de tradição portuguesa e de cultura lusófona.

 


PROGRAMA

 

JOSEPH HAYDN (1732 – 1809)
Trio em Dó menor, Hob. XV: 13 (1788-89)
I. Andante
II. Allegro spiritoso

 

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770 – 1827)
Sete Variações sobre “Bei Männern welche Liebe fühlen” da Flauta Mágica de Mozart, WoO. 46, para Piano e Violoncelo (1801)
- Tema. Andante
- Var. I. – VII.

 

- Pausa -

 

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770 – 1827)
Sonata Op. 12 – 1, para Piano e Violino (1797-98)
I. Allegro con brio
II. Tema con variazioni. Andante con moto
III. Rondo. Allegro

 

FRANZ SCHUBERT (1797-1828)
Valsas Nobres, D. 969 – versão de Julius Zellner (1832 – 1900) para trio

 

 

SOBRE O CICLO “UM MÚSICO, UM MECENAS”

 

“Um Músico, Um Mecenas” é um ciclo de concertos de entrada livre organizado pelo Museu Nacional da Música e que tem como objetivo divulgar o importante acervo do Museu, dando voz a tesouros nacionais e instrumentos de valor histórico único da sua coleção, considerada uma das mais ricas da Europa.

 

Os concertos deste ciclo são autênticas viagens a este espólio, conduzidas por grandes intérpretes nacionais e internacionais, que dão a conhecer os instrumentos através de concertos comentados e de uma contextualização histórica estendida, muitas vezes, ao repertório escolhido.

 

A interpretação, a necessária manutenção dos instrumentos musicais e a comunicação da história de cada um deles são fatores intimamente ligados e que resultam numa ação concertada entre o Museu Nacional da Música e os Mecenas do ciclo (músicos, construtores / restauradores e outros parceiros).

 


«UM MÚSICO, UM MECENAS 2017»

 

13 de Maio
Guitarra portuguesa de Kim Grácio (c. 1959)
António Chainho
por António Chainho

 

18 de Maio
Violoncelo Stradivarius Chevillard - Rei de Portugal (1725) e piano Bechstein (1925)
Maria José Falcão e Anne Kaasa
Boccherini, Chopin e Franck

 

10 de Junho
Tiorba Matheus Buchenberg (1608)
Helena Raposo e Orlanda Velez (soprano)
Dowland, Purcell, Caccini e Monteverdi

 

15 de Julho
Violoncelos Galrão (séc. XVIII), Violoncelo Lockey Hill (séc. XIX) e Violoncelo Dinis (séc. XVIII)
Prémio Jovens Músicos: Marco Pereira, Fernando Costa, Teresa Valente Pereira, Gonçalo Lélis
Sons com história

 

9 de Setembro
Cravo Antunes (1758)
Masumi Yamamoto (Japão)
Scarlatti e os seus apoiantes em Inglaterra

 

1 de Outubro
Violoncelo Stradivarius Chevillard - Rei de Portugal (1725) e piano Bechstein (1922)
Filipe Quaresma e António Rosado
Franck e Bach

 

4 de Novembro
Cravo Antunes (1758)
José Carlos Araújo
Música portuguesa do séc. XVIII

 

22 de Novembro
Piano Bechstein (1925), Violino Galrão /1780) e Violoncelo Dinis (1797)
Duarte Pereira Martins, Daniel Bolito, Nuno Cardoso
Haydn e Schubert

 

3 de Dezembro
Violoncelo Galrão do Rei D. Luís (1769), Pianoforte Van Casteel (1763)
Diana Vinagre e Miguel Jalôto
Tormentos, congojas y tristezas